domingo, 9 de março de 2014

Para uma filosofia da sexualidade

CAPITULO 8
Para uma filosofia da sexualidade

A sexualidade é um tema muito abordado  por Dan Brown mas sempre relacionado com o culto da deusa, apresentando assim uma visão muito limitada r discutível, que se sobrepõe ao verdadeiro sentido da sexualidade.

Comunidade de seres sexuados
Um homem e uma mulher que se casam ou assumem uma relação estável, vão constituir uma comunidade de vida e de amor. Seres complementares um para o outro querem juntar-se para, com o que haverá de bom e de mau, nas boas e nas más horas, criarem uma comunidade. Que terá de ser de vida, visto que são dois seres vivos que se juntam, e que teerá de ser de amor, pois que foi o amor que os aproximou um do outro.
Este amor que os uniu será a mola propulsora que levará o casal a resolver os seus problemas. O amor não é uma panaceia  e será uma grande força para vencer as dificuldades. Onde não há amor é difícil fazer uma caminhada pois não há vontade de caminhar. Este amor ocorre entre dois seres sexuados e complementares.
O que entendemos por sexualidade? Num  sentido geral é tudo aquilo que torna o homem diferente da mulher. Há um certo numero de características físicas, anatómicas, espirituais, maneira de ser, temperamento que permitem diferenciar o homem da mulher.
Confunde-se muitas vezes sexualidade com genitalidade.  A genitalidade é um aspecto particular da sexualidade, ligado à existência de órgãos genitais e sua actividade. Não podemos conceber uma genitalidade separada da sexualidade
Há um instinto que visa a continuidade da espécie, o instinto da reprodução. A  sua não realização  em toda uma espécie levaria à extinção da espécie. Para levar à reprodução a natureza introduziu o prazer no acto sexual de modo que seres de sexo diferente se atraiam mutuamente. É por esta razão que entre os animais a femea só cativa o macho na altura do cio.
É evidente que nos seres humanos não é assim. Para lá dos valores carnais há um espirito, uma alma. Este elemento veio introduzir na vida humana características que o animai não tem. Nos se res humanos o acto sexual é também um acto vde amor., um sinal do amor entre o homem e a mulher.

Comunidade de seres complementares

Outro aspecto importante é o tratar –se de uma comunidade entre dois seres complementares, diferentes,  que se completam sem discussão de superioridades. As suas características uma vez postas em comum, embora por vezes com alguns atritos,  resultam no enriquecimento um do outro. Resultando desta união uma maior riqueza. Por isso, o casamento pode ser considerado o desenvolvimento harmonioso de todas as potencialidades da sexualidade.
As características  essenciais do amor seriam a atracção que mantem o casal junto, o dom ao outro, o esforço para tornar  o outro feliz e a  reciprocidade que implica o fluxo do amor nos dois sentidos.

O gesto, a comunicação, o dialogo
Se há reciprocidade, vai-se criando um terreno comum, um terreno que não pertence nem a ele nem a ela, que pertence aos dois.
Este terreno de vida tem de se desenvolver mediante sinais e símbolos. Temos o dom do pensamento mas não de adivinhar o pensamento dos outros nem de o tornar transparente. Transmitimos o que pensamos por sinais. Se eu estiver calado, impassível  e inexpressivo ninguém saberá o que estou a pensar.  Para me exprimir tenho de falar, fazer gestos, ser expressivo.
E como o casal não é apenas espirito nem apenas corpo, nesta linguagem dos sinais não bastam as palavras. Há uma progressão de sinais sensíveis desde os beijos e ternura até  ao acto conjugal. . Todos são sinais de amor. È por isso que o acto conjugal fora de uma união estável cimentada pelo amore tem um valor muito reduzido. Realizado por um casal que se ama o seu significado é extraordinário porque é um sinal físico de o amor que os une e que os transcende.

Lugar do corpo em relação ao amor
Dum modo geral faz-se uma dissociação entre amor espiritual  e amor carnal. Durante muito  tempo considerava-se que falar do amor carnal em paralelo com o espiritual era misturar roupa suja com roupa limpa. Esta ideia é  completamente errada – trata-se de dois aspectos do mesmo  amor que se completam. Como não somos apenas espiritos, o nosso corpo também deve participar na comunidade  de vida e amor que é o casamento.
Platão e S. Agostinho, entre outros autores, tinham uma ideia muito  desfavorável sobre a parte carnal do casamento. S.Agostinho considerava o acto conjugal como um mal necessário justificável apenas quando tinha em vista a procriação, Todo o encontro carnal seria pelo menos origem de pecado venial e o ideal do casamento seria a continência total. Estas ideias enraizaram-se na Igreja. Só recentemente se reviu esta posição, dando ao acto sexual o seu verdadeiro significado.

A união dos corpos
Deus criando o homem e mulher de modo que o acto sexual fosse ao mesmo tempo origem de uma nova vida e fonte de prazer, certamente não se enganou. Como disse Clemente de Alexandria não devemos ter vergonha de falar naquilo que Deus não teve a vergonha de criar.
A própria Biblia nos diz que ao criar o homem e a mulher Deus lhes disse para crescerem e se multiplicarem  e viu que isto era muito bom (Gen I, 31) e quis que se tornassem numa só carne (XI. 24)
Pio XII acentuou bem estes factos dizendo que o Criador  querendo para a propagação das esapecie humana servir-se do homem e da mulher , unindo-os no casamento, estabeleceu que nessas funções os esposos sentissem um prazer e uma volipia do corpo e do espirito. Portanto, os esposos não fazem nada de mal procurando este prazer e,  gozando-o, aceitam o que o Criador lhes destinou.
Há quem ainda pense que o objectivo máximo do casamento é ter filhos. Quem afirma isso esquece-se que alem de ordenadas para a fecundidade as relações conjugais são acima de tudo destinadas a expandir e intensificar o  amor conjugal.


domingo, 2 de março de 2014

O Sagrado Feminino



CAPITULO 6
O Sagrado  Feminino

Dan Brown terá razão ao dizer que a mulher perdeu o seu lugar na civilização cristã?

A luta contra o papel da mulher

A decisão do Priorado de perpetuar o culto da deusa baseia-se na convicção de que homens poderosos pertencentes à primitiva igreja cristã enganaram o mundo propagando mentiras que desvalorizavam o feminino  e faziam pender o balanço para o lado masculino

O Priorado acredita que Constantino e os seus sucessores masculinos… montaram uma campanha de propaganda que demonizou o sagrado feminino obliterando para sempre a deusa da nova religião
Embora com uma argumentação falsa,, Dan Brown tem alguma razão na sua critica

A Inquisição
A inquisição católica publicara um livro que podia ser considerado sem exagero o texto mais ensopado em sangue da historia humana. Malleus malleficarum ou o martelo das bruxas alertava para o perigo das mulheres livre pensadoras e ensinava o clero a descobri-las, torturà-las e destrui-las. Pertenciam ao grupo das que a igreja considerava bruxas – todas as eruditas, sacerdotisas, ciganas misticasa, amantes da natureza, recolectoras de ervas e qualquer mulher “ suspeitosamente  sintonizada com mundo natural”. Tambem as parteiras eram mortas por usarem o seu conhecimento de medicina para aliviar as dores do parto, um sofrimento, afirmava a Igreja, que Deus muito justamente impusera às mulheres como castigo por Eva ter partilhado o Fruto do Conhecimento, dando assim origem ao pecado original. Durante trezentos anos de caça às bruxas, a Igreja queimara na fogueira uns estarrecedores cinco milhões de mulheres.
O numero apresentado por Dan Brown está francamente exagerado.
Calcula-se que terão sido condenadas por bruxaria 30 a 50.000 pessoas das quais 25% eram homens. A maior parte das condenações foram feitas por tribunais civis.
Num estudo de 2004, consultando os arquivos secretos do Vaticano que a Inquisição condenou à morte apenas 100 bruxas.
O livto Malleus malleficarum foi editado a titulo privado em 1486 nunca tendo sido utilizado pela Inquisição. Teve varias edições na Alemanha, país que nunca teve inquisição e em que muitos estados eram protestantes. Em
Em
Encontra-se uma tradução inglesa deste livro

Antes do seculo IX havia uma crença popular que cria que havia pessoas más, particularmente mulheres, que se dedicavam a matar pessoas por magia negra e feitiçaria. Esta crença recrudescia quando surgiam catástrofes como epidemias  mortais ou incêndios devastadores.
Embora tenha havido condenações em vários países   a maior parte foi feita na Alemanha

As mulheres e o cristianismo
As mulheres, outrora consideradas como a metade essencial da iluminação espiritual, tinham sido banidas dos templos de todo o mundo. Não havia mulheres que fossem rabis, padres ortodoxos ou católicos , ou clérigos islâmicos

Os factos
Aqui temos que dar razão a Dan Brown.
Embora não se possa dizer que no judaísmo havia igualdade entre homens e mulheres. Cristo tratou as mulheres como iguais.,Todavia nos textos dos apóstolos não se encontra qualquer referencia a mulheres, nomeadamente a mãe de Jesus e Maria Madalena

Os factos
A teologia cristã foi invadida por um certo platonismo que valorizava o espiritual em detrimento do carnal.
S.Agostinho, talvez como consequência do seu percurso espiritual, via no desejo sexual o simbolo do pecado original.
O gnosticismo, com o culto da deusa muito espalhado nos primeiros seculos, trouxe o receio totalmente infundado que santificar mulheres  poderia ser considerado o prolongamento do culto da deusa.
Por esta razão Maria foi considerada mãe de Deus e mais  tarde veio o dogma da Imaculada Conceição, retirando-lhe as características humanas, tendo-se passado o mesmo com Maria Madalena

Situação actual
Esta posição nunca afectou os crentes, pois estes sempre veneraram Maria e Maria Madalen
Outras santas que passaram a fazer parte da liturgia, enalteceram o papelda mulher na Igreja.
O melhor conhecimento da sexualidade e outras interpretações das escrituras  retirando a associação da mulher com o pecado original e acentuando o valor espiritual do dialogo dos corpos, colocou a mulher no lugar que lhe pertencia.
Todavia há ainda algum caminho a percorrer – a  afirmação de Dan Broww de que não há mulheres padres continua a ser verdadeira.


O culto da deusa



CAPITULO  5
O CULTO DA DEUSA

A  de Dan Brown  aderiu ao gnosticismo moderno que priveligia o culto de uma deusa. Procuraremos explicar aqui o gnosticismo e a sua relação com a deusa.

De uma deusa feminina a um deus masculino

A veneração à deusa vem do paleolítico. Encontraram-se figuras de Venus, nuas com partes genitais acentuadas datadas de cerca de 19.000 AC
Gravuras sobre pedra e esculturas mostram que na pré-historia se adorava uma deusa
A fertilidade das colheitas, dos animais e da espécie humana era misteriosa e atribuída a uma deusa. As deusas tinham uma contrapartida masculina que tinha um papel secundario. A maior parte das sociedades era de tipo matriarcal.

Abandono da deusa feminina
O poder da femea e a sua capacidade de produzir vida eram outrora muito sagrados, mas apresentavam uma ameaça à ascensão de uma igreja predominantemente masculina e por isso o sagrado feminino foi demonizado e tornado impuro. Foi o homem e não Deus que criou o conceito de pecado original em que Eva prova a maçã e provoca a queda da raça humana. A mulher, em tempos criadora da vida passou a ser inimiga.

Na Europa o fim da veneração das deusas acontecei alguns milhares de anos antes de Cristo quando os indo-europeus invadiram a Europa e trouxeram as crenças de deuses masculinos.
Como consequência começou o declínio do estatuto da mulher e as sociedades passaram progressivamente a patriarcais.
Yahvé surge como o primeiro  Deus sem contrapartida feminina.

Explicação de alguns gnosticistas
A gnosticisra moderna Elizabeth Gold Davis explica do seguinte modo estes factos históricos>
No começo a raça humana era composta só por mulheres. Não existia o sexo masculino e o cromossoma Y teve origem numa mutação do cromossoma X. Os primeiros varões foram murantes… representando uma degenerescência e deformação do feminino.
… Quando apareceram os homens já as mulheres tinham criado todos os actos importantes da civilização e continuaram a tere o controlo durante vá rios milénios. Os homens eram criados selectivamente para o prazer das mulheres e os que não conseguiam prestar os serviços requeridos eram expulsos para os desertos. Num dado momento o ressentimento dos homens pela forma como eram tratados explodiu de forma violenta. Nas zonas desérticas os indoeuropeus desenvolveram sistemas sociais patriarcais e começaram a impô-los pela força ao resto do mundo
E.G. Davis , citada por  prof J. Ulate Fero – A verdade sobre o Codigo Da Vinci

A deusa do gnosticismo
Conceito
A gnosticismo procura a aquisição da gnosis ou conhecimento interno não por via intelectual mas sim por via mística
Este conhecimento não é para todos mas está reservado para os iluminados, os  gnósticos.

Origem e desenvolvimento
O gnosticismo designa um sistema de crenças que floresceram no seculo II. Até ao seculo XX o conhecimento destas seitas vinham de textos condenatórios de autores cristãos.
Com a descoberta dos evangelhos gnósticos em Nag Hammadi foi possível ter um maior conhecimento desta doutrina.
O gnosticismo parece ter nascido da entrada de Ciro na Babilonia em 539AC. Do intercambio entre as duas religiões ficou a luta entre o bem e o mal, a existência de numerosos espíritos intermediários e o aporte da astrologia e da magia.
O gnosticismo está hoje em pleno crescimento. Em 1950 o duque de Palatine fundou a ordem do Pleroma. Nos anos 70 Hoeller criou a Igreja Gnostica. Em 1985 foi fundada no Texas a Igreja Gnostica Americana e mais tarde  Rosamond Miller criou  em Palo Alto a Ecclesia Gnostica Mysteriosum
Tambem se encontram gnósticos no Medio Oriente  como algumas ordens Sufi do Islão e os mandaeanos, vivendo no Iraque e no Irão.

Doutrina
O mundo foi criado por um deus mau ou demiurgo sem autorização do deus criador. O mundo está errado, torna-se uma prisão, pois que o demiurgo faz tudo para manter o homem na ignorância.
O deus mau seria um homem conhecido por Samael, deus cego ou Yalbaoth, significando nascido do caos.
No gnosticismo moderno, o deus bom é uma deusa chamada Sofia, que significa conhecimento.
Jesus é um emissário do deus bom, enviado à terra para transmitir o conhecimento secreto aos beleitos
Adão e Eva foram tirados do paraiso por a serpente lhes ter querido dar a saber o conhecimento

Etica
O gnosticismo opõe-se à ética como um sistema de regras. Este sistema foi criado pelo demiurgo para servir os seus  objectivos.
Se a moralidade provir de uma iluminação espiritual, esta será aceite pelo gnóstico

Os mandamentos  e regras gnósticas não conduzem à salvação. A moralidade está sujeita a modificações conforme o desenvolvimento espiritual e individual

Sofia
Representa o principio feminino supremo
No Holy Gnostic Rosaryencontra-se uma oração dirigida a Sofia, totalmente decalcada da Ave Maria:
Hail Sophia, full of light, the Christ is with thee,
blessed art thou among all the aeons, and blessed is the liberator
of thy light, Jesus. Holy Sophia, Mother of all gods, pray to
the Light for us thy children, now and in the hour of our death.
Amen

Read more:
http://www.meta-religion.com/Esoterism/Gnosticism/holy_gnostic_rosary.htm#.UwYcJTaGnIU#ixzz2tsMq5FG5

A sexualidade no culto da deusa
O outrora sagrado acto do Hieros Gamos –a união sexual do homem e da mulher através da qual ambos se tornavam sexualmente completos – passara a ser apresentado  como  uma coisa vergonhosa. Homens santos que noutros tempos precisavam da união sexual com os respectivos equivalentes femininos para comungar com Deus, temiam agora os seus impulsos sexuais normais, considerando-os obra do diabo de conluio com o seu cúmplice preferido, a mulher

Em termos fisiológicos o climax masculino eram acompanhado por uma fracção de segundo inteiramente vazia de pensamento. Um brevíssimo vácuo mental. Um  momento de clareza no qual era possível vislumbrar Deus. Os gurus da meditação atingiam estados similares de ausência de pensamento sem a ajuda do sexo e descreviam frequentemente o Nirvana como um interminável orgasmo espiritual
É importante ter presente que o modo como os Antigos encaravam o sexo era diametralmente oposto ao nosso. O sexo gerava nova vida…o milagre absoluto… e os milagres só podem ser realizados por um deus. A capacidade de a mulher produzir vida a partir do útero tornava-a sagrada. Um deus. A relação sexual era venerada como a união das duas metades do corpo humano,, masculino e feminino, através do qual o macho podia chegar à plenitude espiritual e comunhão com Deus
Notemos que esta ideologia diz que a relação sexual é um meio que permite ao homem atingir a plenitude espiritual, mas não fala da mulher.
Nalgumas religiões antigas havia rituais sexuais, simbolizando um casamento sagrado. É o caso do tantra dos hindus.
Há exemplos de associação  entre erotismo e a espiritualidade como a decoraçãocomo altares que simbolizam a ligação da vagina com o penis.
Estes rituais explicam-se pela ignorância total dos mecanismos da procriação -a descoberta dos espermatozóides foi  feita no seculo XVIII. Há tendência para venerar o que não se compreende particularmente um acto de consequências tão importantes, o que levou a uma certa divinização da sexualidade.
A ideia de chegar até Deus através de uma relação sexual nunca esteve patente nos rituais, podendo esta ideia ser considerada como um apelo à libe rtinagem.
Em 1993 na Reimaging conference com 2000 pessoas foi realizada uma cerimonia dominical em que as mulheres presentes recitaram:
Nossa doce Sofia, somos mulheres à tua imagem. Convidamos um amante e parimos um filhoi como um nrctar das nossas coxas. Com os nossos mornos fluidos corporais recordamos ao mundo os seus prazeres e sensações.