CAPITULO 8
Para uma filosofia da sexualidade
A sexualidade é um
tema muito abordado por Dan Brown mas
sempre relacionado com o culto da deusa, apresentando assim uma visão muito
limitada r discutível, que se sobrepõe ao verdadeiro sentido da sexualidade.
Comunidade de seres sexuados
Um homem e uma mulher
que se casam ou assumem uma relação estável, vão constituir uma comunidade de
vida e de amor. Seres complementares um para o outro querem juntar-se para, com
o que haverá de bom e de mau, nas boas e nas más horas, criarem uma comunidade.
Que terá de ser de vida, visto que são dois seres vivos que se juntam, e que
teerá de ser de amor, pois que foi o amor que os aproximou um do outro.
Este amor que os uniu
será a mola propulsora que levará o casal a resolver os seus problemas. O amor
não é uma panaceia e será uma grande
força para vencer as dificuldades. Onde não há amor é difícil fazer uma
caminhada pois não há vontade de caminhar. Este amor ocorre entre dois seres
sexuados e complementares.
O que entendemos por
sexualidade? Num sentido geral é tudo
aquilo que torna o homem diferente da mulher. Há um certo numero de
características físicas, anatómicas, espirituais, maneira de ser, temperamento
que permitem diferenciar o homem da mulher.
Confunde-se muitas
vezes sexualidade com genitalidade. A
genitalidade é um aspecto particular da sexualidade, ligado à existência de
órgãos genitais e sua actividade. Não podemos conceber uma genitalidade
separada da sexualidade
Há um instinto que
visa a continuidade da espécie, o instinto da reprodução. A sua não realização em toda uma espécie levaria à extinção da
espécie. Para levar à reprodução a natureza introduziu o prazer no acto sexual
de modo que seres de sexo diferente se atraiam mutuamente. É por esta razão que
entre os animais a femea só cativa o macho na altura do cio.
É evidente que nos
seres humanos não é assim. Para lá dos valores carnais há um espirito, uma
alma. Este elemento veio introduzir na vida humana características que o animai
não tem. Nos se res humanos o acto sexual é também um acto vde amor., um sinal
do amor entre o homem e a mulher.
Comunidade de seres complementares
Outro aspecto
importante é o tratar –se de uma comunidade entre dois seres complementares,
diferentes, que se completam sem
discussão de superioridades. As suas características uma vez postas em comum,
embora por vezes com alguns atritos,
resultam no enriquecimento um do outro. Resultando desta união uma maior
riqueza. Por isso, o casamento pode ser considerado o desenvolvimento
harmonioso de todas as potencialidades da sexualidade.
As
características essenciais do amor
seriam a atracção que mantem o casal junto, o dom ao outro, o esforço para
tornar o outro feliz e a reciprocidade que implica o fluxo do amor nos
dois sentidos.
O gesto, a comunicação, o dialogo
Se há reciprocidade,
vai-se criando um terreno comum, um terreno que não pertence nem a ele nem a
ela, que pertence aos dois.
Este terreno de vida
tem de se desenvolver mediante sinais e símbolos. Temos o dom do pensamento mas
não de adivinhar o pensamento dos outros nem de o tornar transparente. Transmitimos
o que pensamos por sinais. Se eu estiver calado, impassível e inexpressivo ninguém saberá o que estou a
pensar. Para me exprimir tenho de falar,
fazer gestos, ser expressivo.
E como o casal não é
apenas espirito nem apenas corpo, nesta linguagem dos sinais não bastam as
palavras. Há uma progressão de sinais sensíveis desde os beijos e ternura
até ao acto conjugal. . Todos são sinais
de amor. È por isso que o acto conjugal fora de uma união estável cimentada pelo
amore tem um valor muito reduzido. Realizado por um casal que se ama o seu
significado é extraordinário porque é um sinal físico de o amor que os une e
que os transcende.
Lugar do corpo em relação ao amor
Dum modo geral faz-se
uma dissociação entre amor espiritual e
amor carnal. Durante muito tempo
considerava-se que falar do amor carnal em paralelo com o espiritual era
misturar roupa suja com roupa limpa. Esta ideia é completamente errada – trata-se de dois
aspectos do mesmo amor que se completam.
Como não somos apenas espiritos, o nosso corpo também deve participar na
comunidade de vida e amor que é o
casamento.
Platão e S.
Agostinho, entre outros autores, tinham uma ideia muito desfavorável sobre a parte carnal do
casamento. S.Agostinho considerava o acto conjugal como um mal necessário
justificável apenas quando tinha em vista a procriação, Todo o encontro carnal
seria pelo menos origem de pecado venial e o ideal do casamento seria a
continência total. Estas ideias enraizaram-se na Igreja. Só recentemente se
reviu esta posição, dando ao acto sexual o seu verdadeiro significado.
A união dos corpos
Deus criando o homem
e mulher de modo que o acto sexual fosse ao mesmo tempo origem de uma nova vida
e fonte de prazer, certamente não se enganou. Como disse Clemente de Alexandria
não devemos ter vergonha de falar
naquilo que Deus não teve a vergonha de criar.
A própria Biblia nos
diz que ao criar o homem e a mulher Deus lhes disse para crescerem e se
multiplicarem e viu que isto era muito bom (Gen I, 31) e quis que se
tornassem numa só carne (XI. 24)
Pio XII acentuou bem
estes factos dizendo que o Criador
querendo para a propagação das
esapecie humana servir-se do homem e da mulher , unindo-os no casamento,
estabeleceu que nessas funções os esposos sentissem um prazer e uma volipia do
corpo e do espirito. Portanto, os esposos não fazem nada de mal procurando este
prazer e, gozando-o, aceitam o que o
Criador lhes destinou.
Há quem ainda pense
que o objectivo máximo do casamento é ter filhos. Quem afirma isso esquece-se
que alem de ordenadas para a fecundidade as relações conjugais são acima de
tudo destinadas a expandir e intensificar o
amor conjugal.